Sunday, April 08, 2007

Da origem das espécies à redefinição de individualidade!...

“O individuo nunca pode ser sacrificado em nome do colectivo, muito pelo contrário, o colectivo tem o dever de maximizar as condições de possibilidade para desenvolvimento e exercício de autonomia dos seus membros”.
Marta Nunes da Costa

Depois da aula aberta com Dra. Idalina Correia, a propósito da «Ética Evolucionista» em Charles Darwin, onde “especulamos” não sobre a origem das espécies, mas sobre a sua evolução – uma evolução que implica uma ramificação –, adquirindo, ao mesmo tempo, a noção de que os seres vivos brotam naturalmente da terra para a vida, eis que somos confrontados com a redefinição de individualidade depois de Kant, Adorno e Foucault. O desafio partiu da Professora Marta Nunes da Costa, doutorada na New School For Social Research, em Nova Iorque, cuja preocupação pessoal (?) assenta na articulação da teoria com a prática. Interiormente, apreendemos e aplaudimos tal nuance com algum entusiasmo. E, de tal jornada, tendo em conta a riqueza da discussão e o espaço deambulatório destas nossas “impressões” – noção exigível em termos de conteúdo – extraímos algumas noções que pensamos merecer alguma reflexão individual sobre o individualismo, logo que deduziríamos das palavras de Marta Nunes da Costa que Ser um indivíduo significa ser autónomo, auto-legislador, governado por uma atitude crítica permanente, através do qual o sujeito define a sua esfera privada e se dá o objectivo e dever de desenvolver as suas potencialidades, reforçando assim um sentido de responsabilidade perante si próprio e perante os outros. Ficamos a saber também que o ideal de autonomia foi, no século XX, transformado e reduzido a uma ideologia de “individualismo”. Para além do significado inerente à autonomia, e parafraseando a Professora Marta Nunes da Costa, Ser um indivíduo significa, também, ser capaz de se libertar de pressões sociais ou rótulos de múltiplas ordens.

Agarrados à “consciência do eu”, onde, circunstancialmente, somos confrontados com prescrições e/ou martirizantes especulações dos outros – muitas vezes revestidas de dissimulado regabofo –, quando seria de esperar uma consciência moral e/ou sócio-política, na medida em que a prática crítica se repercute a nível da transformação que ocorre sobre cada sujeito e o seu ambiente (citamos das palavras desta ilustre catedrática), ouvimos atentamente o pressuposto de que a dignidade e integridade física e moral – de um indivíduo – deve ser visto como um fim em si mesmo.
Foi um excelente debate, debate esse onde não hipotecamos a existência de individualidade, antes pelo contrário, através da profícua e fortificante discussão (interessantes as intervenções dos professores João Cardoso Rosas e José Manuel Curado) jamais olvidaríamos a conceptualização proposta pela Professora Marta Nunes da Costa, que resulta da convicção de que individualidade é um fenómeno e conceito distinto, merecendo por isso um espaço diferenciado no discurso teórico, não podendo ser de alguma forma subsumido nos conceitos de subjectividade, individualismo e identidade. Pena é que alguns detentores do “poder político” se auto-excluam da discussão do valor político da INDIVIDUALIDADE, sendo que a mesma deve ocupar um papel central nos chamados discursos liberais e democráticos, assim como nos sistemas de práticas e processos de democratização. Quando assim não acontece, por certo que tal facto se deve, no dizer desta ilustre catedrática, a certos padrões culturais e religiosos que comprometem o sucesso das democracias contemporâneas.
Até quando? Não sabemos!...

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