Friday, February 28, 2014

Estar aqui… com Tina Tinoco!...

“Os seus poemas estão sempre encostados à verdade, no conteúdo e na forma: é uma escrita limpa, clara, sem malabarismos de escrita, sem enfeites. É autêntica, escorreita, inteira… como ELA!”

Conceição Lima

Conhecemos a Tina Tinoco, porque tínhamos que conhecer. Estava “escrito” que assim fosse ou tivesse que ser. Por acreditarmos que não há acasos na vida de cada um de nós, na pressuposta “certeza” de Aristóteles, cujo objectivo da humanidade era a prossecução da felicidade, que definiu como passagem a acto daquilo que melhor somos capazes de fazer, assente na razão, como a maior faculdade do homem, enquanto conceito de humanidade, claro: …não concordo com uma frase que ouço com frequência: “O Poeta é um fingidor!” Quando o Poeta escreve, desnuda-se, grita aos sete ventos o que lhe vai na Alma… eu pelo menos… completamente! Ah, só mais uma coisinha, tenho uma dificuldade tremenda em escrever sobre o Amor… escrevo mais sobre o Desamor… quiçá reflexo das minhas vivências… – assim nos diz Tina Tinoco, em Nota Introdutória ao seu livro de poesia «Estou aqui…».


Esta obra – independentemente do tamanho (77 páginas) – de poesia da Tina Tinoco é afecta e efectivamente uma presença, uma partilha e uma saudável maneira de estar, na procura da existência, na relação com os outros: Estou aqui / Para ti… / Para mim… / Para nós… / Partilhemos / Sonhemos / Toquemo-nos / embalemo-nos / sintamos os nossos corpos / vibrar nesta dança! / Que esta melodia se eternize, / que nos arraste, / que nos leve, / até LÁ…!!! / Mil sentimentos se cruzam… . / Ah mundo mágico!... / deixa-nos quedar neste encantamento / deixa-nos ser / um do outro!! – plangente vibração de quem parece estar só, abandonada, aparentemente abandonada, quando a noite cai, os pássaros silenciam e os cães latem. Por incrível que pareça, este é o espelho de cada um de nós, diferente mas ao mesmo tempo igual: Suplica protecção aos deuses nocturnos. / As noites de inverno estão gélidas. / Mais uma vez olha a lua. / a companheira de todas as intempéries. / Murmura-lhe… / Amiga, / não me abandones, / a tua luz sacia-me, / acalenta-me a alma, / fazes-me sentir vivo! / Ainda… hoje… / Amanhã… não sei! – porque o frio, as árvores nuas, as folhas caídas, o banco do jardim vazio, a nostalgia e o caminhar sem norte, são passos e aguarelas em cada um de nós.
Tina Tinoco dedica este maravilhoso poetar aos que a lêem e que a sentem, com a voz reveladora que lhe denuncia e desnuda a Alma, com palavras em catadupa, “libertando a revolta, a mágoa, a dor…”, mas em som angelical, doce, porque a pacifica. Nunca a sua revolta, a mágoa e a dor poderiam ser agressivas, mesmo quando se afirma escrever sobre o desamor: Estranha melodia a nossa… / Murmuramos… / Praguejamos… / O querer sentirmo-nos / Deixa-nos num labirinto emocional, / agimos assim… / Falamos assim, / Queremos… / Não queremos… / Um abismo rasga-se entre nós / Surgirá algum dia aquela ponte, aquela palavra / que resgatará / Aquele sorriso, aquele olhar, aquele toque… / Fazendo-nos lembrar / Que é tempo de tréguas!... – tréguas que, no fundo, resultam no desejo de amar.
Por lhe auscultarmos os passos e os desabafos (“Amiga(o), / não me abandones, / a tua luz sacia-me, / acalenta-me a alma, / fazes-me sentir vivo(a)!”), há muito que sentimos a Tina Tinoco guerreira, batalhadora com alma e ardor, em prol do Amor e não do desamor, mesmo quando as flores coloridas germinavam onde houvera pedras cinzentas, frias, lexical que nos obrigaria às habituais aspas, porque extraído da inspiração da poeta.


Fazendo nossas as palavras de Conceição Lima, ao contrário do que se diz dos poetas, Tina Tinoco não é uma “fingidora”, porque, diremos nós, dá “tractos” à sua imaginação para tentar descobrir uma explicação para o fenómeno da natureza humana, no rosto, nos sorrisos, no aconchego de um abraço, nas sensações místicas de um prazer intenso, nas lágrimas salgadas que humedecem os lábios, no crer e no deleite, no caminhar, no estar, no desejo, no querer, no amar, no sentir, no meditar, no sonhar, no acordar, na fragilidade, na dor, no tempo, na realidade, na utopia, na saudade, no voar, no olvidar, no ser, no virar de cada página que escreve, a bem escrever. E no «Estou aqui…», a natureza e os objectos são testemunhas dos estados emocionais da poet(is)a: através da árvore, quando os corações de almas apaixonadas, encostaram-se a si corpos cansados; do temporal, mas sobrevivendo às intempéries; do mar, quando, reciprocamente, se abre para nós: As tuas cores / A tua força / A tua beleza / Extasiam-me, / Embriagam-me, / Orgasmicamente!; da janela; do sol e do pôr-do-sol, “bola de fogo gigantesca” que Despertas em mim / O ser moribundo, / O ser adormecido, / que outrora vivera!; do vento, onde A poeira levanta-se, / As portas batem, / As crianças buscam o aconchego, / Os namorados enlaçam-se…; do guarda-chuva vermelho, de um vermelho quente, qual doce envolvência, Caminhávamos, / Gargalhávamos, / os dedos enroscavam-se / numa quente cumplicidade, / numa quente sensualidade; da (minha) lareira, lembrada quando está frio; da tela, ainda que imaginada, tornada mágica; do livro – o que temos entre mãos e que ora ousamos comentar – Pega, / é para ti! / Não temas em abri-lo! / Vira a página, / E mais outra… / Acabas de entrar no mundo das palavras. / Levam-te por lugares inimagináveis / Encontras guerreiros e vilões, / Batalhas heroicamente / E / Sentes-te feliz!...

E também nós, Tina, estivemos aqui… “porque é bom sonhar, porque é bom viajar no mundo dos sonhos, porque é bom entranhares-te no LIVRO”. «Estou aqui…» de Tina Tinoco, devolveu-nos as asas, devolveu-nos a vida, numa doce cumplicidade onde Adoro sentir que és meu, / Adoro sentir que sou tua… Porque “a POESIA surge quando a vida acontece”, gostamos, e isso nos basta… MAGNUM OPUS!           

2 comments:

Tina Tinoco said...

BEM HAJAS MEU BOM AMIGO!
ABRAÇO POÉTICO!

Tina Tinoco said...

grata querido "Proeta"!