Wednesday, March 05, 2014

126.º Aniversário da fundação da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo



“…Subjacente à implementação das acções referidas e como preocupação constante, está a melhoria do serviço prestado aos utilizadores de modo a que esta importante instituição da Câmara Municipal, seja cada vez mais um local de lazer e de animação da vida cultural”

Rui A. Faria Viana

Fez precisamente cento e vinte e seis anos, que a Câmara Municipal de Viana do Castelo, sendo Presidente Luís de Andrade e Sousa, deliberou na sessão de 16 de Fevereiro de 1888, fundar uma Biblioteca Municipal, instalando-a provisoriamente numa sala do Palácio dos Cunhas, à Rua da Bandeira, onde, ao tempo, funcionava o Liceu Nacional e até há bem pouco mais de dois anos, o Governo Civil do Distrito, o que equivale dizer tratar-se de uma das Bibliotecas Públicas mais antigas do país e, seguramente, a mais antiga do Alto Minho. Esta solução de recurso deveu-se ao facto da falta de instalações próprias, acordando-se depositar os livros na biblioteca do mesmo Liceu, o que, em face das circunstâncias, não passava de “um amontoado caótico de livros até à sua instalação provisória, em 1912, na sala das Comissões dos Paços do Concelho, junto à sala das sessões da vereação, depois do Pe. Rodrigo Fernandes Fontinha, então presidente da Comissão Municipal Republicana, ter proposto receber os livros legados à Câmara” – citamos Dr. Rui A. Faria Viana, em artigo publicado na revista “Íbis”, com o sugestivo título «Biblioteca Municipal de Viana do Castelo – 1912-2002: noventa anos a promover a leitura», aludindo ao facto de só no dia 3 de Novembro de 1912 a Biblioteca Municipal ter sido finalmente inaugurada e aberta ao público.


Não sendo nosso propósito estar a repetir a história da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo – escrita e reescrita por muitos e variados autores –, apenas nos motivou o orgulho de assinalar a data, olhando ao facto de, presentemente, e fazendo jus ao bom ditame da gíria popular, fazermos parte da “mobília da casa”. Contudo, convém acrescentar, por uma questão de seriedade intelectual (a César o que é de César), que antes de ser instalada no actual e magnífico edifício de raiz, projectado pelo Arquitecto Siza Vieira, em resposta às preocupações de outrora, do actual director – demonstrar junto do executivo municipal as deficiências bem como os grandes condicionalismos que as actuais instalações impõem à concretização dos objectivos preconizados no âmbito da Leitura Pública –, e à visão estratégica, acrescida de uma resposta eficiente e de futuro, assumida pelo então Presidente da Câmara, Doutor Defensor Moura, que, desde cedo, compreendeu e se empenhou “em materializar o sonho dos vianenses em possuírem uma valência nuclear na vida cultural da região” – escreveria o Dr. Rui A. Faria Viana, hoje Chefe de Divisão de Biblioteca e Arquivo Municipais –, a Biblioteca Municipal esteve instalada no Palácio dos Barbosa Maciel (1923-1966), no Palácio dos Alpuim (1966-1989) e no 1.º andar da Casa dos Monfalim (1989-2007). No dia 20 de Janeiro de 2008, por altura do 160.º aniversário da elevação de Viana do Castelo a cidade, e marcando o início das comemorações dos 750 anos da outorga do Foral Afonsino (1258), a nova biblioteca foi solenemente inaugurada pelo então Primeiro-Ministro, Eng. José Sócrates, entrando em funcionamento, a partir dessa data.
Cento e vinte e seis anos depois, a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo é o sonho materializado de muitos vianenses, uma verdadeira e bem dimensionada BM 3, de acordo com a tipologia definida pelo então Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB), para concelhos com população superior a 50 mil habitantes. Possuindo um fundo documental, constituído por mais de cento e trinta (130) mil volumes, dividido pelo livre acesso nas salas de leitura e outro de valor patrimonial, de acesso condicionado no fundo de reservados, dadas as suas características e o seu riquíssimo valor patrimonial, com colecções únicas e raríssimas – uma das melhores camilianas (senão a melhor) do país, repartida pelos fundos de Ernesto Barbosa dos Santos e Tomás Simões Viana –, oferecidas por particulares. A Biblioteca Municipal de Viana do Castelo é hoje, por assim dizer, uma biblioteca viva e dinâmica, passando por ela escritores consagrados, através das extraordinárias iniciativas presenciais do «À conversa com…», «Contornos da Palavra» e «Feira do Livro»; animação da leitura, pelos serviços educativos; promoção do livro na área infanto-juvenil, com os «Sábados com Histórias» e «Biblioteca vai à escola»; serviço de leitura especial para invisuais; «Histórias Partilhadas», em parceria com o “Grupo Sénior+” da Escola Secundária de Monserrate, dinamizando os Lares e Centros de Dia do concelho, e estes, por sua vez, retribuem recriando e participando na «Partilha de Histórias»; biblioteca de praia, proporcionando o desenvolvimento de uma série de actividades em torno do livro e da leitura, aproveitando o bom tempo de Verão e a maior disponibilidade que as férias permitem; biblioteca itinerante, a circular pelas nossas aldeias há vinte anos, a construir imensos imaginários, porque carregada de mundos (livros) nunca sonhados, bem como no estabelecimento prisional, com biblioteca renovável, periodicamente; e realização de diversas exposições temáticas sobre o livro.
Cento e vinte e seis anos depois, a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo cumpre escrupulosamente o fim para que está vocacionada: excelente serviço prestado ao público, nomeadamente ao nível da oferta de um fundo bibliográfico organizado em livre acesso, facilitando a comunicação entre o leitor e o livro, do empréstimo domiciliário que veio permitir a todos os utilizadores a liberdade em escolher o espaço, o tempo e o ritmo de leitura, e duma maior diversidade de oferta de documentos para consulta em que, para além do tradicional suporte em papel, se juntam agora os documentos audiovisuais e electrónicos. Daí, e mesmo que jogando em “causa própria”, os nossos sinceros parabéns!              

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