Friday, January 22, 2016

João Vaz de Carvalho expõe em Viana do Castelo!...

«O João Vaz de Carvalho mostrou-me os narigudos inspiradores e perscrutadores que se cruzam comigo nesta dimensão terrena, que se apresentam sinceros e límpidos nos gestos quotidianos…»

Maria José Guerreiro

João Vaz de Carvalho, nascido em Fundão (1958), desde cedo revelou grande interesse pelas artes visuais. Autodidacta, é na cidade de Coimbra, no início da década de oitenta que começa a trabalhar em desenho, pintura e cerâmica na oficina do mestre Vasco Berardo. Já em Lisboa, a partir de 1987 dedica-se em exclusivamente à pintura e logo depois também à ilustração. Obtém em 1988 a primeira encomenda de ilustração para a revista Marie Claire. O humor e o nonsense são essenciais, sendo a construção dos desenhos uma das etapas que considera mais empolgantes do seu processo de trabalho. Vive e trabalha na Parede. Realizou dezenas de exposições em colaboração com inúmeras galerias e participou em vários projectos e feiras de arte contemporânea. Trabalha regularmente com a Galeria Trema – Arte Contemporânea. Na qualidade de ilustrador, colaborou com a maior parte dos títulos da imprensa portuguesa e ilustra livros para os mais novos tanto em Portugal como no estrangeiro. Entre os prémios recebidos destacam-se: 1.º Prémio Ilustrarte 2005, Bienal Internacional de Ilustração para a Infância; 2 Diplomas dos Prémios Visual 2008, Espanha; 45rd The Golden Pen of Belgrade Award 2009, Sérvia; 1.º Prémio da Crítica do Calendario Duemila 2011, Cremona, Itália; 1.º Prémio de Caricatura World Press Cartoon 2011, Sintra; Award of Excellence of Communication Arts 2012, EUA; Prémio Winner da Criative Quarterly 2012, EUA; Prémio Runner-Up da Criative Quarterly 2012, EUA.


Mais ou menos sugestionados por estas breves notas acerca de um dos mais conceituados artistas de artes visuais, João Vaz de Carvalho, bem vincadas no painel da Exposição da sua autoria, «ver com o desejo», onde se procura fazer uma abordagem, ainda que concisa, à sua obra gráfica editada em livros, jornais, revistas e objectos (entre os quais destacamos porcelanas da “Vista Alegre”); e nas palavras de abertura de Rui A. Faria Viana, responsável pelo projecto a que deu o nome de «Exposição de Obra Gráfica», cujo tema, e sem temermos ser repetitivos, é a obra de um artista convidado, de reconhecido valor, publicada em livros, jornais e revistas por editoras e instituições nacionais e estrangeiras. Rui A. Faria Viana, fez questão de recordar que a primeira exposição aconteceu em Maio de 2013, com «diários de sombras» de Tiago Manuel, circunstancialmente director artístico e coordenador do mesmo projecto; seguindo-se a exposição «domador de imagens» de João Fazenda em Janeiro de 2014; em Julho de 2014, com «desenhos atrás do espelho» de André Carrilho; em Janeiro de 2015, com «história natural com parafusos» de Luís Manuel Gaspar; e, em Julho do mesmo ano, com Cristina Valadas e a exposição designada «vida desenhada à mão», congratulando-se “por se tratar de um projecto de exposições coerente e consistente que tem perdurado no tempo e que espero venha a continuar a trazer a Viana do Castelo os artistas mais significativos da ilustração portuguesa”, lembrando e agradecendo, ao mesmo tempo, todo o empenho do pintor Tiago Manuel, na direcção artística e coordenação de todo o trabalho e na concepção dos catálogos, que se têm revelado, também, autênticas obras de arte. Ao todo, entre 2013 e 2015, passaram pela Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, cinco conceituados artistas de artes visuais.


Agora, com João Vaz de Carvalho e a «ver com o desejo», abre-se o ano de 2016 da melhor forma. Inaugurada no pretérito sábado, 16 de Janeiro do corrente ano, esta exposição estará patente ao público até ao dia 9 de Julho de 2016.
Tiago Manuel, começou por falar deste projecto ligado às artes visuais (e não só) como o único interessante em Viana do Castelo, manifestando o apreço e a preocupação do Município vianense, em trazer até nós estes artistas que passam ao lado, só porque estão por trás de obras magníficas, considerando, ao mesmo tempo, João Vaz de Carvalho como o primeiro artista que trazia a Viana do Castelo, escultor da fantasia, onde há uma espécie de alegria de vida, em detrimento do humor negro. Recordando uma das máximas do seu mestre Júlio Rezende, quando um dia afirmou que “até para fingir que não se sabe é preciso saber-se muito…”, acabou por realçar a qualidade artística de João Vaz de Carvalho: “bússolas que nos reorientam para o essencial” ou “heterónimos de Fernando Pessoa, simbolizados por cadeiras”.
Maria José Guerreiro, vereadora do Pelouro da Cultura, orientou a sua referência estética para o “fingimento da criação”, apreciando o humor fantasiado de João Vaz de Carvalho, tendo em conta que – fazendo nossas, suas palavras – o humor é que nos salva a capacidade de olharmos para nós e percebermos a nossa finitude: «Estamos lá todos, na nossa finitude e grandeza, na nossa ambição e medo, na coragem quotidianamente construída e reconstruída. Estamos lá todos. Sem excepção. Obrigado, João!» – citamos.
Segundo Ju Godinho e Eduardo Filipe, curadores da ILUSTRARTE, “o mais fascinante dos mundos paralelos (que nunca se encontram com o nosso, a não ser no infinito) é a ténue possibilidade de existirem. E contudo, as únicas provas que temos da sua existência são aquelas que nos são trazidas pelos raros que descobriram as raras passagens de lá para cá. / O João Vaz de Carvalho pertence a esse grupo. Há muito que visita periodicamente um desses mundos paralelos…”. Essa foi a nossa sensação, partilhada quer pelo fingimento da criação ou quer mesmo pelo humor fantasiado, onde “os personagens, apanhados em flagrante, sabem bem de onde vêm e para onde vão”. Por isso, estivemos lá e atrevemo-nos a recomendar uma visita demorada a esta magnífica exposição.         
         Nota máxima!

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